O mercado de advocacia no Brasil há algum tempo está ganhando novos contornos, com um foco mais abrangente, que agrega técnica e visão negocial. Essa mudança que ocorre principalmente em decorrência das fusões de grandes bancas, com os primeiros passos originários na capital paulista, faz com que aumente cada vez mais o número de advogados por escritório, e exige algumas práticas para gerir com maior segurança o próprio negócio, além de atender com uma única linguagem o cliente / empresa.
Além de grande conhecedor e intérprete da Legislação, o advogado também deve ter o espírito empreendedor, e apresentar um conhecimento, mesmo que amplo, a respeito de economia, gestão de empresas, estatísticas, lógica, etc… Não é uma tarefa fácil para um profissional graduado em Direito, cujo conhecimento sempre exigiu uma ótima redação, interpretação, e oratória. Nada além disso.
Para nenhum profissional é fácil manter-se no mercado e, em razão disso, as mudanças estratégicas são cada vez mais freqüentes, buscando-se “a visão empresarial do advogado”. Quando digo empresarial, o foco maior são as finanças, o empresário não quer somente saber do alto grau de erudição do seu patrono, mas inicialmente quer avaliar os custos e benefícios para seu negócio.
O acúmulo de ações e assoberbamento do Poder Judiciário contribui para que o advogado busque alternativas mais eficazes. Em nosso sistema processual, cada vez mais lento, a gestão dos processos, com transparência, passa a ser o resultado atrativo ao cliente, pois face ao dimensionamento do negócio pode ter um fluxo maior demandas.
Os advogados que se adequam a este perfil, são pessoas proativas, de pensamentos autônomos, com certezas firmes e interessados em oferecer o melhor para o cliente, pois sabe que deve mantê-lo ciente “do valor econômico em discussão”, e óbvio resguardar a imagem da empresa/empresário no mercado, pois qualquer escorregão num negócio, cuja matéria-prima básica é a confiança, pode gerar conseqüências desastrosas.
Investir no conhecimento pessoal, para um advogado com foco em empresas, é como respirar. Deve ser feito rotineiramente, e de forma sistematizada. Alie-se a isso, as ferramentas tecnológicas, o que resulta a perfeita interação entre advogado e cliente/empresa.
Quantas empresas já não foram surpreendidas com demandas que envolvem um grande valor econômico, somadas a juros e correção monetária, devido ao grande lapso temporal que esteve sub judice?
Ante a aceleração das informações e diversificação da economia, embora o real seja hoje considerada uma moeda forte, as demandas não podem transitar a revelia do cliente, em razão disso é que a visão negocial do advogado, munido de argumentos, e atendendo as condições do cliente é que facilitam a decisão, de como gerir um passivo, da economia que pode resultar disso, e de quanto a contratação dos advogados investidos neste novo modelo obteve êxito.
Enfim, este novo advogado, além de defensor dos interesses do cliente, é acima de tudo um parceiro de negócios.
Silvia Hage
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